sábado, 31 de dezembro de 2011

Obrigada!

Todo fim de ano escrevo um texto a respeito do ano que vai começar. Sobre o que fiz, sobre esperança e realizações. Este ano é diferente. Tudo poderia ter dado errado em 2011, mas não deu! Por esta razão, quero apenas agradecer.

Quero agradecer pelo meu irmão ter saido vivo do acidente de moto que sofreu, pela saúde do meu sobrinho que nasceu e passou os primeros dias de vida na UTI. Agradeço por não ter perdido meu emprego quando a empresa que trabalho cortou pessoal. Agradeço por só terem levado minha bolsa no assalto que sofri.

Agradeço por ter uma familia maravilhosa e amigos queridos. Agradeço por ter tido a chance de voltar a Europa, reencontrar velhos amigos e conhecer novos lugares. Agradeço por ter ao meu lado uma pessoa  de quem eu gosto e poder celebrar esta passagem de ano. Agradeço por estar começando uma nova fase, que eu não sei bem o que representa, mas que está ai.

Como o fim do mundo só está previsto pra dezembro de 2012, vamos aproveitar e viver estes próximos meses em paz, gratidão, fazendo o que gostamos ao lado de quem amamos. Vamos viver uma vida boa. E se o mundo não acabar na data marcada, que continuemos vivendo bem, por que no final das contas a gente nunca sabe quando nosso tempo acaba. É melhor aproveitar :-)

A tudo e a todos, OBRIGADA! E Feliz 2012!

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

O ano é novo pra mim

Novembro chegou, meu aniversário com ele. Ano novo. Balanços, meditações, mapa atral, consulta à cartomante, aquelas coisas. Pra onde vai a minha vida? De onde ela vem vindo? Sei lá! Eu sabia. Juro. Ou pelo menos achava que sabia.

Mas eu tenho que saber? Nos ultimos anos minha vida tem sido só sentir. Todo tipo de sentimento. Momentos de descoberta e de redescoberta. Momentos de se perder. Momentos de aprender a não cometer os mesmos erros, e outros de querer cometê-los mesmo sabendo das possíveis consequências.

Bom seria se a gente não tivesse um número marcado na cara. Assim a gente não ficaria pensando quanto tempo ainda teria pra viver estatísticamente. "Tenho ainda uns 33 anos de vida."  Não pensaria aonde já deveria ter chegado, ou o que já deveria ter vivido, amado, comprado, viajado. Será que a gente teria crises dos 30, dos 40, da meia idade se não soubesse quantos anos a gente tem? E olha só que engraçado, a gente vive em crise. A primeira crise já na adolescência. Não é fácil não companheiro.

E cá estou eu. 39 aninhos. Espírito de 39 mesmo, por que, como disse a Eliane Brum em sua coluna na Revista Época uma vez ...
"...Mas espírito jovem, tenha dó. Deu um trabalho danado aprender tudo o que sei até agora, para isso escorreguei um monte de vezes, magoei umas tantas pessoas, fui arrogante e insensível em alguns momentos, passei do medo que paralisa para aquele que move, me libertei de várias neuroses e de outras tantas idealizações e tive de ralar muito para me tornar um ser humano melhor. Assim, deixem meu espírito velho em paz, já que não podem me devolver o corpinho."
E vamos que vamos. Porque meu espírito está ficando velho mas não ranzinza e, como continuo viva, vou comemorar horrores.

sábado, 22 de outubro de 2011

Pelo direito da mulher independente de SER mulher

Pois bem, cá estamos nós. Pavimentamos o caminho aberto pelas nossas mães a partir dos anos 60. Conquistamos dinheiro, respeito, liberdade, livre-arbítrio. Passamos a ser multi-tarefa. Trabalhamos, estudamos, cuidamos da casa, fazemos cursos de inglês e espanhol, praticamos natação e aprendemos a cultivar hortinhas orgânicas dentro do apartamento. Trocamos nossas lâmpadas, chuveiros e pneus, e se não conseguimos fazer isso sozinhas, chamamos um marido de aluguel. Um Pereirão que, por ironia, é mulher na novela. Pois é, com tudo isso minha amiga Denise soltou um desabafo em sua página no Facebook "ser tão independente às vezes cansa..."

Sim amiga, cansa. Mas não é ser dona do próprio nariz que cansa. Não é ter direitos. Não é ter livre-arbitrio. Não é mandar embora de casa o "encosto" que já não se importava com a nossa felicidade. O que cansa é ter que ser sempre uma muralha forte.

Porque somos independentes parece que não podemos esmorecer nunca. Perdemos o direito à fragilidade. Sabe aquele, "Ah, ela não precisa de nada. Ela se vira. Ela é super independente."? Pois é, será que é tão dificil para os outros, nossos familiares, amigos, companheiros (e companheiras) perceberem que a gente também quer colo? Que a gente às vezes não quer ter que decidir nada e só quer se deixar levar? Que a gente não se importa de dividir as responsabilidades com outra pessoa? Que a gente quer e gosta de gentileza? Que a gente não quer ser O companheirão, mas A companheirona. Que a gente tem sonhos? Caramba!

Nós não queremos andar pra trás em nossas conquistas, só queremos nosso de direito a sermos mulheres também. Direito a chorar, a nos sentirmos frágeis, a querer largar tudo, mesmo sabendo que daqui a pouco, vamos sacodir a poeira e botar a casa em ordem, porque a gente é assim. Direito a um descanso.

Por isso lanço a campanha, pelo direito da mulher independente de ser mulher!

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Destranca!

Uns dias atrás eu jantei com um amigo aqui na lanchonete ao lado de casa. Na hora de pagar a conta, eu quis comprar umas balas e a moça do caixa, minha colega, me deu a deixa, "pega o quanto você quiser aí." Eu que podia ter enchido a mão das balinhas de banana que adoro, peguei as seis balas que achei seria justo pelo um real que paguei.

Por que estou contando este "causo"? É só pra exemplificar o quando somos presos a nossas travas internas. Meu senso de honestidade não me permitiu abusar da situação e pegar o dobro das balas. Peguei seis e ponto. Você pode me dizer, "que bom que seu superego é assim atuante. Se as pessoas respeitassem os valores da sociedade a vida seria mais fácil." Bom, é verdade, talvez o exemplo não tenha sido bom, mas o papo aqui é outro. Estou falando de travas mesmo. Medos. Incapacidade de atuação mediante certas situações.Culpa.

Eu sou uma pessoa que infelizmente tem convivido com umas travas bastante fortes. Cadeadões pesados. Não vou aqui entrar em detalhes de quais são eles, mas nos aprisionamos por medos, por incapacidade de abraçar o novo e mudar um comportamento adquirido. Muitas vezes a culpa é do comodismo, da preguiça, da nossa tendência à inércia.

O que assusta é perceber o quanto estas travas são atuantes. A gente simplesmente não age e como na maioria das vezes não sabe dizer porque, acaba colocando a culpa no outro, nos pais, no marido/esposa, no trabalho, no trânsito, na falta de dinheito, na bolsa de valores, em São Pedro!

Então é momento de refletir. O que você quer mudar na sua vida? Agora observe o que está te impedindo e repare que ninguém está te impedindo de tentar mudar. Você pode até falhar, mas também pode conseguir o que quer.

Se você está trancado, a culpa é sua. De mais ninguém! Pode ser que alguém realmente esteja te atrapalhando, mas é porque VOCÊ deixou.

Então vai abrindo estes cadeados. Comece por um pequeno. Quem sabe você não descobre o que é ser livre.

Tati

sábado, 23 de julho de 2011

Expectativa pra quê?

Dizem os budistas que a grande fonte de sofrimento no mundo é o desejo. Mas tem outra coisa que deve estar relacionada a idéia de desejo e que também atrapalha a vida, a expectativa.

Nas aulas de marketing eu ensino aos meus alunos a importância de se gerir adequadamente as expectativas dos clientes. Pelo uso das ferramentas de marketing devemos tentar ajustar a expectativas deles à realidade, ou até um pouco abaixo do nosso nível de serviço, se possível. Expectativas altas tendem a ser quase sempre frustradas pela realidade. Se são muito baixas, você corre o risco de não conseguir vender o produto. Expectativas superadas resultam em encantamento do cliente e, voilá, a mágica foi feita.

Na vida a coisa tende a ser assim também, a gente espera muito de uma situação, de alguém e se decepciona. Aí a gente resolve que não vai esperar nada de nada e acaba paralisado pela falta de vontade de investir tempo e esforço pra ver algo acontecer.

É um equilibrio difícil de se conquistar quando o que estamos tentando fazer é balancear as nossas próprias expectativas com relação à vida e seus acontecimentos. Eu mesma acho que sou um fracasso neste sentido porque quase sempre me deixo levar pelo entusiasmo e minhas expectativas tendem a subir mais que a realidade. Algum nível de decepção acaba sendo inevitável.

O mais engraçado é que a gente tende a ver os realistas como pessoas pessimistas. E os otimistas como sonhadores. Quantas vezes você não ouviu a frase, " Eu não sou pessimista, sou realista!"

Como ser realista sem ser um tanto pessimista? I don´t know.

terça-feira, 21 de junho de 2011

O Monstro da Separação

Gente, preciso compartilhar este texto do Ivan Martins publicado na revista Época na internet. Comentando o lançamento do filme Namorados para sempre (Blue Valentine), Ivan faz uma reflexão a respeito da dor da separação e do monstro que surge em nós neste momento.

Não tive muitas separaçoes porque fui até hoje uma pessoa de relacionamentos longos. Sou como a orquestra do Titanic que vai afundando junto com o barco até ele naufragar de vez. Não sei se isso é um defeito ou uma qualidade, mas acho que as pessoas hoje tem sido muito egoistas e levianas, pulando do barco ao primeiro sinal de dificuldade. Como é que você sabe o que é se relacionar com alguém dessa maneira? Enfim, sei que talvez por essa característica minha experiência de separação tenha sido tão dolorosa. Às vezes chego a pensar se vale a pena se jogar num relacionamento amoroso com alguém que você realmente gosta porque, se o relacionamento não vingar, você vai perder aquela pessoa pra sempre. Ela vai deixar de significar qualquer coisa boa pra você e eventualmente vai deixar de significar qualquer coisa mesmo. E puff! Você vai ficar se perguntando como foi apaixonado por aquela figura. Eu acho isso triste.

Felizes são aquelas pessoas que conseguem enxergar que o amor acabou e civilizadamente encerrar uma relação mantendo o respeito e a amizade. Pena que isso seja tão comum de se ver quanto a passagem do Cometa Halley!

Hey, mas acho que este talvez seja o tal do equilibrio do universo. Assim como há o bem e o mal, o claro e o escuro, existem os encontros e desencontros. Só tem uma separação dolorosa quem realmente se envolveu e viveu aquele amor em todas as suas delícias.

Pra quem quiser ler o texto na integra, é só clicar no link abaixo.

Tati

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI241539-15230,00-O+MONSTRO+DA+SEPARACAO.html

sábado, 18 de junho de 2011

Rima água com açúcar

Um beijo
Um queijo
Uma taça de vinho
Um cafuné
Um carinho

A paz
Que sua presença traz

Dividir o leito
E do frango de domingo
O peito
Não, poxa!
Pra você a sobre coxa

Nada erudita
Nada elaborada

Rimo água com açúcar
Mamão e mel
Simples e lindo
Como deveria ser
Mas não é

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Quantos anos você tem?

É interessante como a vida da gente se mede numa régua de anos cronológicos. A gente sempre quer saber quantos anos uma pessoa tem. Quer saber se a pessoa é muito jovem ou velha demais pra fazer isso ou aquilo. Para namorar esta ou aquela pessoa. Pra assumir ou não uma certa responsabilidade.

Quando eu completei 36 anos, me dei de presente uma guitarra e resolvi aprender a tocar. Houve quem olhasse pra mim e me achasse uma ridícula querendo bancar a adolescente. Por acaso alguém vai dizer ao B.B. King, ao Santana, ou ao Eric Clapton que eles deveriam parar de tocar guitarra porque isso é coisa de adolescente? Me deixa tocar, ué.

A maioria dos meus amigos também passou dos 30 faz algum tempo. Mas ainda adoramos sair, beber, ouvir música, dar risada. Meus pais passaram dos 60 e ainda adoram as mesmas coisas. Tem idade pra ser feliz e aproveitar a vida?

Então fiquei pensando e percebi que sim, estou velha demais pra algumas coisas e não estou velha demais pra outras. Fiz uma lista.

Eu estou velha demais para :
  1. Aguentar gente que só fala bobeira.
  2. Perder tempo com quem não tem nada a acrescentar na minha vida.
  3. Emendar uma noite de balada na outra - Me dá preguiça.
  4. Jogar "Escravos de Jó" - Meu pobre fígado não tolera. Fora que agora as garrafas que eu compro são bem mais caras!
  5. Aguentar multidão pisando no meu pé - Não, eu não vou ao Rock in Rio.
  6. Comer porcaria - Sou fresca, gosto de comida bem feita.
  7. Fazer o que não gosto - Ah, como é boa a liberdade que vem com a independência financeira.
  8. Perder tempo! - A esta altura já deu pra perceber que a vida passa e a hora é agora.
  9. Querer que minha bunda seja perfeita - Gente, não dá. Tenho tentado, ela só fica boa :-(
Eu não estou velha demais para :
  1. Andar de skate no parque num dia de sol - Acho que tá na hora de eu comprar meu long. O aluguel subiu muito!
  2. Curtir um bom show - De rock de preferência!
  3. Sair a noite pra dançar - Isso não cansa nunca.
  4. Entrar pra uma banda - Yeah babeee!!
  5. Aprender a falar uma lingua estrangeira - Francês está nos meus planos agora.
  6. Começar uma carreira nova - Apesar de que hoje eu me preocupo em manter o que já conquistei.
  7. Viajar pelo mundo e conhecer gente interessante - Alias acho que isso não vai mudar nunca.
  8. Começar uma família.
  9. Perder tempo - Sim, eu mereço "bundar" um pouco.
Não tem idade certa pras coisas. Existe a hora da gente, certo?

Mas uma coisa sim é certa. Você fica realmente velho quando começa a ter medo de tudo e acha "inadequado" tentar o novo. Quando perde a capacidade de gostar da vida. Quando deixa que a motivação se vá. Quando perde a curiosidade. Quando deixa de se apaixonar. Quando fica fechado, rancoroso, ranzinza, mofado. E não precisa ser cronologicamente velho pra isso.

Let´s be young!

quarta-feira, 11 de maio de 2011

What´s wrong with people???

Gente, sinceramente, o que está acontecendo com as pessoas do mundo? É Bolsonaro que resolve distribuir kits anti-gay nas escolas do Rio. São os moradores de Higienópolis que não querem pobres nas suas calçadas. São as pessoas que param nas vagas de deficientes físicos e idosos mesmo sendo saudáveis. Pessoas que furam fira no supermercado porque estão "com pressa", como se sua pressa fosse mais importante que as dos outros. Gente que desperdiça agua, que deixa o cocô de seu poodle na rua, que joga lixo pra fora do carro. Que p**** é essa?

Hoje parece que todo mundo se acha melhor que todo o mundo. São os donos da verdade e da razão. Sempre. Parece que as leis e as regras são sempre para os outros, nunca para os "escolhidos". Cadê a humildade? Cadê o respeito pelo espaço e pelo outro? Tá dando desânimo.

O problema é de educação? Não educação formal, pelo menos. Olha o povo de Higienópolis.

Pra mim o problema é falta de chinelo! Muitas destes "escolhidos" são filhos de pais super permissivos que nunca ensinaram ao filho a respeitá-los, a respeitar os professores na escola, que sempre protegeram o filho mesmo que fosse ele quem tivesse começado a "briga na escola". Outros são pessoas que usam este comportamento para esconderem a pequenez da sua auto-estima, o vazio da sua existência. São fúteis demais pra entender o que é respeito.

E o que a gente pode fazer a respeito? Primeiro, a gente pode fazer a nossa parte e dar o exemplo. Eu me divirto ao lembrar que já fui cumprimentada na rua por uma senhora ao me ver recolher o cocô do meu cachorro num saquinho plástico. Ou da expressão de gratidão das pessoas quando você dá passagem a elas no trânsito truncado de São Paulo.

Segundo, a gente pode ensinar as crianças. Até hoje me lembro das aulas de cuidado no transito que tive no pré-primário e sou incapaz de atravessar a rua fora da faixa sem me achar uma contraventora. Se a gente não ensinar de pequeno, de grande é que não vai ensinar.

Por ultimo, se não há punição possível que eduque (infelizmente as pessoas só aprendem pela dor) a gente deveria chamar a atenção das pessoas para seus atos como se faz em outros países. Infelizmente não dá pra ficar chamando a atenção das pessoas na rua sem correr o risco de tomar um soco na cara, mas a gente pode reclamar com quem pode fazer isso. Como mandar mensagens para a ouvidoria de shoppings e supermercados para que proibam as pessoas de usar as vagas especiais, por exemplo.

A gente tem que se esforçar para ajudar a fazer do espaço social um espaço melhor para se viver. Porque senão, daqui a pouco, o espaço urbano vai virar um faroeste.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Volta pra mim...

Eis que um belo dia me dei conta de que ela havia partido.

Cansada de mim, a Poesia se foi da minha vida deixando um bilhete.

Em seu bilhete reclamou que me esquecera dela,
Que eu não mais observava e retratava o mundo com minhas palavras.
Que eu me tornara uma pessoa racional, fria, corporativa.

Lamentou que eu não mais suspirava
Com as cenas de amor nos filmes água com açúcar,
Nem cantarolava mais hits brega românticos.

Pediu que eu tentasse buscar em mim
Aquela leveza e prazer pelos pequenos momentos
Que tanto a estimulavam
Porque sem isso não há vida que seja boa.

Demandou que eu destrancasse meu coração
E deixasse o pobrezinho se manifestar pelo amor,
Porque ele estava afogado no medo.

Por fim me lembrou que ela só existe
Onde há paixão e coragem para a vida
Seja o momento feliz ou triste.

Assinou o bilhete e partiu para onde fosse apreciada.

Poesia eu te peço, volta pra mim!

Prometo abrir meus sentidos novamente.
Ensina -me de novo os caminhos da beleza,
Do amor
E da dor.
Minha vida sem você não tem mais sentido.

Volta!
Não há vida sem Poesia.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Eu não consigo!

E lá vou eu comentar coisas que ouvi no porgrama do Flavio Gikovate. Frequentemente ouço o programa dele na CBN no radio do carro voltando pra casa aos domingos a noite, com o tempo acabei pegando gosto por ouvir os "dramas" das pessoas. Principalmente porque me fazem sentir super normal!

Uma coisa que eu achei curiosa ouvindo aos depoimentos dos ouvintes foi a frequência com que surge a frase "Eu não consigo". Onde quer que haja um problema, pode ter certeza que você vai ouvir a fatídica frase.

Podem ser relacionamentos amorosos insatisfatórios, situações difíceis no trabalho, vontade de ter uma vida diferente, a relação com uma pessoa que nos oprime na família, a insatisfação com algum aspecto de si mesmo como algum vício, insatisfação com a própria aparência, seja o que for, a grande tendência é as pessoas se acharem incapazes de mudar a situação.

Ai eu fiquei pensando, porque a gente tem tanta dificuldade de mudar uma situação? Por que é tão complicado se ver livre de um foco de sofrimento? Será medo? Será preguiça? Será comodismo? Será que a gente se acostuma a sofrer?

Acho que um pouco de tudo isso. Como a maioria dos seres humanos, também "não consigo" às vezes. Mas já melhorei muito. Tudo o que eu aprendi é que, contra o "Eu não consigo", só vergonha na cara e coragem pra assumir escolhas.

E tenho dito!

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Pra Lembrar

A gente precisa às vezes viver ao lado de uma pessoa que está passando pelo que a gente já passou, pra relembrar a dor, e lembrar de continuar tentando mudar aquilo que precisa ser mudado.

As vezes a gente precisa relembrar a dor, pra não mais aceitar menos do que merece ou gostaría de ter. Pra lutar. Pra seguir adiante.

Por que a memória é curta.

Preciso lembrar.

domingo, 3 de abril de 2011

O mundo é...

um lugar hostil pra pessoas românticas. Simplesmente é.
O mundo hoje é para pessoas práticas. Pessoas independentes. Donas de seus narizes. O mundo é pra pessoas que pensam em si mesmas e sabem ser fortes.
Ser romântico é fazer-se vulnerável. É entrega. É risco. E a cada dia este risco parece maior.

Romanticos são loucos desvairados!

quinta-feira, 3 de março de 2011

O que te faz feliz?

"A felicidade é uma coletânea de momentos alegres."
"A felicidade mora nas pequenas coisas."
"Só vou ser feliz quando tiver minha própria família."
"Eu preciso estar rodeado de amigos pra ser feliz."
"Felicidade é ter grana."
"Eu encontro felicidade em Jesus Cristo."
"Felicidade é ter sucesso."
"Você me faz feliz."
"Ah, eu era tão feliz."

Essas são algumas poucas frases que já ouvi a respeito da felicidade. Fiquei pensando e acho que o que faz a gente feliz define muito a gente. Define nossa identidade. Nossa felicidade gira em torno de nossos gostos, nossas aspirações, nossa criação, nossa memória, nossos medos... Se você sabe o que te faz feliz, deve ser porque você sabe quem é.

Tô aqui tentando fazer minha lista pra colocar nela o que ME faz feliz. Não as coisas que os OUTROS tentam me convencer que me fazem feliz. É uma linha meio difícil de delimitar, às vezes.

E você? O que te faz feliz?

Tatiana

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Da ditadura do prazer e o direito a felicidade

Há um tema que tem se tornado recorrente na cabeça das pessoas que se propõe a refletir um pouco a respeito da vida, a ditadura do prazer.

Não são poucas as crônicas, artigos e livros que tenho lido e que defendem nosso direito de ficarmos tristes e melancólicos. A maioria deles responsabiliza a vida moderna por esse nosso apego à felicidade. Terça pela manha, li um destes textos do Arnaldo Jabor no site do Estadão - A alegria é um produto de mercado - em que ele afirma que "Hoje em dia é proibido sofrer. Temos de "funcionar", temos de rir, de gozar, de ser belos, magros, chiques, tesudos, em suma, temos de ter "qualidade total", como os produtos." Essa visão se parece com a de Z. Bauman que já comentei em outro post.

Giles Lipovetsky em seu livro A felicidade paradoxal, descreve o tempo atual dizendo que:
 "A vida no presente tomou o lugar das expectativas do futuro histórico e o hedonismo, o das militâncias políticas; a febre do conforto substituiu as paixões nacionalistas e os lazeres, a revolução. Sustentado pela nova religião do melhoramento contínuo das condiçoes de vida, o maior bem-estar tornou-se uma paixão de massa, o objetivo supremo das sociedades democraticas, um ideal exaltado em todas as esquinas."
Concordo com os autores, existe realmente uma ansiedade generalizada por se atingir este estado de alegria, de sucesso, de perfeição que, a meu ver, acabam tendo um efeito contrário ao da felicidade. Uma busca desenfreada pelos momentos de prazer acabam por fazer os espaços entre eles extremamente dolorosos, o que nos empurra em busca de outro momento, e mais outro, e mais outro.

Acontece que nós sabemos que a insatisfação é inerente ao ser humano. Já que não precisamos mais caçar ou arar campos para comer, sobra mais tempo para se pensar no quanto a vida é vazia e buscar maneiras de preencher este vazio. Aí o capitalismo encontrou campo fértil, como tem sido comum se colocar, mas também encontraram campo as igrejas oportunistas, os gurus, os lançadores das mais diversas modas. Tudo serve de entulho pora ser jogado no buraco da existência. Nesta perspectiva, a melancolia, como sentimento que fomenta o recolhimento e a reflexão, serve de ferramenta para o pensamento.

Não dá pra negar que a melancolia é linda de certa maneira. Muitas das coisas mais lindas criadas foram produzidas por melancólicos, deprimidos e afins. Eu mesma, que me aventuro a fazer um pouco de poesia, escrevo com mais paixão nos momentos mais dolorosos. Mas do mesmo jeito que sou contra essa busca pela perfeição, pela "qualidade total" como colocou Jabor, também sou contra essa idéia de culto à tristeza.

Primeiro, acho que poucos melancólicos fazem destes períodos momentos de reflexão que resultem em melhor compreensão da vida, fazendo dela melhor. Tem que ter talento e habilidade para entender que a tristeza pode ser usada como forma de auto-conhecimento. Segundo, a mim parece que este culto à melancolia está se convertendo num movimento contra "a opressão do mercado". Se estão todos indo para um lado, eu vou para o outro.

Não consigo entender uma vida que vá adiante sem uma alternância saudável entre os estados de alegria e de tristeza. Prefiro o otimismo patológico, mas aproveito os momentos de melancolia para aprofundar minhas análises. Melhor sermos meio mussarela, meio calabreza. Cíclicos. Porque depois que se desce, é presciso subir para não se afogar.

"A aceitação do incompleto é um chamado à vida.", escreveu lindamente Jabor. Mas, por favor, não me venha querer tirar o direito de ser feliz.

Tatiana

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110222/not_imp682684,0.php

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Do sentido da vida.

Ontem entrei num debate com uma pessoa querida a respeito do sentido da vida. Ela tentava colocar a culpa da falta de sentido na vida louca e solitária que se vive em São Paulo. Num determinado momento, coloquei que a vida em si realmente não tem sentido mesmo, e que somos nós que colocamos objetivos a serem alcançados que nos dão um motivo pra seguir adiante. Tem gente que coloca a vida profissional como objetivo, tem gente que coloca a vida familiar, umas pessoas vão fazer trabalho voluntário enquanto outras vão encher a cara, pra esquecer. A resposta dela para mim foi "Credo!".

Eis que esta na noite, voltando pra casa, liguei na radio CBN e o tema do dia no programa No divã do Gikovate foi justamente este "O que fazer quando a vida parece perder sentido?"

Gikovate começa dizendo que a vida não tem mesmo muito sentido e que quando começamos a nos questionar a este respeito é porque a gente lembrou que a vida é assim, fato que só acontece quando estamos deprimidos. Segundo ele, quando estamos bem, tendemos a ir "tocando a vida" e não pensamos muito sobre ela, pois o pensar sobre as circuntâncias da vida é algo muito dolorido. Achei interessante ele comentar que nosso problema é que não temos a capacidade de viver por viver.

Entre outras coisas ele comenta ainda a respeito do sentido buscado pelo consumo, um pouco na linha do que comenta Z. Bauman no livro Vida para Consumo que já mencionei aqui.

O programa é interativo e Gikovate responde a questionamentos dos ouvintes. Vale a pena ouvir e meditar a respeito do sentido que queremos dar a nossas vidas.

Segue o link para o programa gravado no dia 14 de setembro de 2010.
http://cbn.globoradio.globo.com/programas/no-diva-do-gikovate/2011/02/06/O-QUE-FAZER-QUANDO-A-VIDA-PARECE-PERDER-O-SENTIDO.htm

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Será culpa de Hollywood?


Na escola aprendemos na aula de filosofia que nós seres humanos somos seres sociais, que fomos feitos para viver em grupos. Não se pode negar que nossas relações humanas tomam muito tempo de nossa energia, seja física ou psíquica. As relações amorosas, então, nem se fala. São “O” motivo pra muitos papos, discussões e desabafos.
Nas ultimas semanas especialmente, tenho ouvido muito meus amigos discutirem a respeito. Pessoas queridas com relacionamentos de mais de uma década se separaram. Eu mesma passei por este processo alguns poucos anos atrás e o papo sempre vai pro “O que foi que deu errado?”. Tem gente que acha que é a convivência e os problemas diários que acabam com a relação. Tem outras que acham que é a falta de respeito do outro para com a nossa individualidade. Culpa-se a falta de dinheiro, a rotina, as diferenças de gostos e pontos de vista, a natureza pouco monogâmica do ser humano, a falta de tesão e por aí vai. Sempre há um motivo. Mas será que não somos nós mesmos o motivo? Nossa incapacidade de enfrentar as dificuldades, de dialogar, de ceder também?
Eu olho para meus pais casados há 40 anos. Lembro dos momentos de crise que pude presenciar, da falta de dinheiro, da desconfiança, das brigas, mas quando vejo os dois hoje, passeando de mãos dadas, com os filhos criados, a situação financeira estável, namorando feito adolescentes, eu os invejo e admiro e penso, talvez nossa geração simplesmente não tenha paciência.
Talvez sejamos muito individualistas e não tenhamos paciência pra adversidade. Tudo o que eu ouço as pessoas dizerem é, “eu”, “meu espaço”, “minha rotina”, “meus amigos”, “meus habitos”, “minhas manias”, “eu”, “eu”, “eu”. CLARO, não estou dizendo que as relações não acabem, que não tenhamos o direito de mudar de idéia se uma escolha foi errada, ou se simplesmente tivermos a vontade de vivermos só pra gente. Hoje a gente é livre para escolher, coisa que não era há poucas décadas. Mas será que não estamos fazendo algo errado?
Ou talvez, simplesmente esse negócio de relações longevas seja para os pinguins imperadores e o que a gente tenta viver é um sonho romantizado. Talvez a culpa seja dos contos de fada que nunca passaram do momento da consumação do encontro entre principe e princesa e nos deixaram “no vácuo” sem saber o que esperar depois. Talvez a culpa seja de Hollywood!
Eu tinha uma receitinha na cabeça de como as coisas funcionavam. Falhou. Talvez Vinicius estivesse certo, “Que não seja eterno...” mas mesmo ele viveu em busca...
Quem conseguir entender, por favor, me explique!