terça-feira, 13 de outubro de 2009

Troféu Abacaxi - Gambiarra na Pacha

Gente, definam tortura. Se você foi à Gambiarra na Pachá este final de semana, você sabe do que eu estou falando.

Tudo começou na entrada, uma hora para pegar uma comanda escrita a mão com seu nome e o valor da entrada. Mas até aí tudo bem, a gente vai encontrando os amigos na fila e ainda tá com energia e na expectativa de uma boa balada. Uma vez lá dentro, conseguir uma bebida era uma tarefa digna de Missão Impossível. Você tinha que rezar pra que o barman fosse com a sua cara e pra que, depois de pegar sua tão sofrida bebidinha, nenhum cliente desesperado não te derrubasse na ânsia de ocupar seu lugar junto ao balcão. A música estava razoável, mas nada de especial, a animação dependia do nível alcoolico do ocupante da pista de dança. Pessoas como eu que não enchem a cara por que dirigem, não pareciam assim animadas.

O ponto alto foi a saida. Me senti num abatedouro! Haviam apenas 4 (sim quatro) caixas disponíveis para pagamento com cartão, sem contar que a soma das comandas era feita a mão. Uma loucura, considerando que a Pachá é lugar pra milhares de pessoas. Eu entrei na fila para pagar minha comanda às 5h45 da manhã e saí de lá por volta das 7h e 30. Só não foi pior porque depois de quase 1h e meia de espera, peguei minha comanda, juntei meu dinheiro com o da minha amiga e paguei no caixa reservado para pagamento em espécie, peguei meu carro, fui até um caixa eletronico e voltei para resgatar a pobre que estava já quase desmaiada de cansaço e sede, já que fecharam os bares e as pessoas não tinham nem agua para beber. Havia ainda umas 100 pessoas na nossa frente quando voltei para buscar minha amiga.

O momento mais triste da noite nesta fila não foi só o desrespeito aos clientes, mas a violência de alguns seguranças que espancaram com uso de um cacetete um casal de rapazes por estarem se beijando. Gente, aquilo era uma festa Gambiarra, que normalmente atrai um grande público gay, não fez o menor sentido aquela violência. Mesmo que a balada fosse predominantemente hetero (o que não era aquela noite), nada justifica aquele tratamento. Fiquei chocada e entristecida. Quem estava na fila ficou sem reação e com medo de fazer qualquer coisa e apanhar também. Triste.

A Gambiarra é uma boa festa, mas infelizmente, não deve ser realizada em lugares como a Pachá, onde os públicos são tão diferentes, onde predomina uma visão de mundo careta, retrograda e que não condiz com a harmonia, a mente aberta e o espírito de diversão do pessoal que frequentava a festa nos tempos de Hotel Cambridge.

Espero que a organização da festa tome mais cuidado ao escolher o próximo local. Troféu Abacaxi pra Gambiarra na Pachá.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Da força humana

Estava aqui pensando. Quantas vezes a gente ouve alguém dizer que admira alguém pela sua força. Pelas suas realizações. Pelas suas conquistas. Cheguei até a comentar sobre isso no meu post de ano novo. Até que, de repente, olho ao meu redor e algumas pessoas muito próximas, e posso dizer bastante comuns, resolvem fazer coisas que certas pessoas julgariam um feito inatingível para elas.

A primeira foi minha mãe, que cinquentona, gordinha e sedentária resolveu que iria fazer o Caminho de Santiago de Compostela. Pra quem não conhece, sabe aquela peregrinação do Paulo Coelho no livro Diário de um Mago? Pois este mesmo. Eis que a minha mama resolveu ir. Ela nunca tinha viajado ao exterior, não fala nenhuma lingua estrangeira, nunca fez nada sem seu marido, mas disse que ia, e foi! Foram 2 meses de ausência da minha mama pequenina caminhando pelo norte da Espanha. Um monte de gente não acreditou, não apoiou, mas ela fez sua caminhada. Forte?

Outra é uma grande amiga, Luciana, que recentemente cruzou o Canal da Mancha. Um ano de treinos exaustivos, 20 quilos perdidos, uma tentativa fracassada, 12 horas de agua gelada. Tornou-se a sexta mulher brasileira na história a completar a travessia. Era uma aparente loucura, podia ter morrido de hipotermia, mas resolveu ir, e foi. Forte?

Essas duas mulheres, não são mais fortes que as outras pessoas. As duas voltaram com suas experiências, com a mudança trazida pela vivência que tiveram, mas em outros aspectos continuam as mesmas. Com suas inseguranças, seus medos, seus hábitos, sua rotina. Voltaram ao trabalho e a vida continua. Não, não estou dizendo que não fizeram nada de mais. Fizeram sim, e muito! Apesar de seus medos, elas nao se dobraram a eles, nem às opiniões contrarias, nem às aparentes adversidades. Elas simplesmente fizeram o que quiseram, quando quiseram, do jeito que quiseram.

Ser capaz de vencer os próprios medos e ter opinião própria é o que faz estas duas pessoas "fortes". Não é preciso caminhar 30 dias ou nadar 12 horas, o esforço delas demandou resistência física, mas demandou um esforço psicológico sem o qual não teriam cumprido seus objetivos.

Por isso, não se desaponte se você nunca tiver um feito que entre pra algum livro de recordes. Seu monte Everest, seu grande desafio pode ser simplesmente ser capaz de manter suas opiniões. Ter coragem de agir de acordo com seus princípios. Ou fazer algo que gosta. Se você for capaz de entrar sozinha na aula de dança de salão, apesar da vergonha. Parabéns! Se você for capaz de não abaixar a cabeça pra tudo o que diz o seu chefe se for algo com que você discorda. Parabéns! Se você tiver coragem de aos 45 anos finalmente ir fazer aquele curso de psicologia que você sempre quis, apesar de uma estável carreira como advogado. Parabéns!

Saiba, o esforço é tão grande quanto os treinos exaustivos da minha amiga Luciana. Mas você pode sim encher a boca e falar com orgulho. Eu fiz.