quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Da Ditadura do Querer

"Você sabe o que quer? Como assim? Não sabe? Como você acha que vai chegar a algum lugar? Você tem que decidir o que quer!"
Desde cedo a gente aprende que a gente tem que ter objetivo na vida,"O que você vai ser quando crescer?" as mães perguntam pros filhos de 5 anos. Ai a gente começa a crescer um tiquinho e aprende que as pessoas mais bem sucedidas são as que sabem o que querem. Colocam toda a sua energia naquilo e realizam. São vencedores.
Faz algum sentido, mas não faz todo.
Não quero dizer que as pessoas devam viver ao sabor da maré, mas que elas não tem que ser escravas dos "quereres", dos objetivos, das certezas. Aliás a maioria das vezes não é a gente que quer alguma coisa, são as outras pessoas que decidem o que a gente quer. Sei não. Quantas pessoas frustradas não ficam no caminho? Tantos as que não realizam quanto as que atingem seus objetivos, realizam seus desejos.
Meu pai outro dia me disse "a posse é a morte do desejo". Sim, você deseja algo, com toda a sua força, a partir do momento que consegue o que quer, o desejo morre. Aí você fica sem objetivo e tem que ir em busca de um outro querer. É uma eterna corrida.
Certezas? Quem consegue ter alguma? Quem consegue ter uma vida linear, em que seus interesses são sempre os mesmos? Não mudam nunca? Que tédio.
Eu não quero TER que querer nada, só quero estar com quem gosto, onde gosto, fazendo o que gosto.
Utópico?

Tati

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

ESTO QUE VES

Esto que ves soy yo,
ni más, ni menos.
Un pedazo de SER...
un trozo de humanidad...
un puñado de risas...
un montón de sueños.
Una cuota de locura...
un pedazo de dulzura
con toda mi sinceridad.
Esto que ves, soy yo,
ni más, ni menos.
Una mujer, a veces una niña,
a veces espacio...
a veces infinito...
a veces pasión...
a veces libertad.
Pero así, simplemente así...
así soy yo.
Es todo lo que tengo,
todo lo que soy...
No es mucho... pero es todo.

Teresa Aburto Uribe

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Cansa

Tem coisas na vida que cansam.
Trabalhar das 8 às 6 cansa.
Cansa contar calorias.
Fazer ginastica 3 vezes por semana
Cansa.
Pagar as contas em dia
Cansa.
Ser super cool cansa.
Cansa ver filmes de arte.
Cansam os papos sempre interessantes.
Por favor, me dê um besteirol.
Nossa pretensa superioridade cansa.
Criticar os outros cansa.
E cansa demais.
Preocupar-se com o futuro cansa.
Mas o pior é a falta de amor.
Falta de amor cansa demais.
Deus me livre da falta de amor.
Pelos outros.
Por mim.
E de mim pelos outros.
Amar não cansa.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Da Sanidade

Ontem aconteceu uma situação engraçada e que me fez pensar sobre essa coisa toda da loucura. Tive uma briga daquelas com meu love, gritaria, ofensas, coisas jogadas, portas batidas e muito choro. Um momento de total falta de controle, falta de racionalidade. Mas do mesmo jeito que nos descabelamos, acabamos em beijos e prometendo que tudo ia ser diferente dali pra frente e nada daquilo ia acontecer de novo. Pelo menos até a proxima briga. Mas enfim, após esses momentos pós estresse, nada como um pouco da serotonina fornecida por uma dose cavalar de açúcar. Um Top Sundae do Mc Donald's que foi premiado com uma dose extra de calda de caramelo, porque afinal não era aquele o sabor que eu tinha pedido, foi a vítima. Domingão quente, não tinhamos onde sentar e acabamos sentando numa muretinha do lado de fora do restaurante.

Felizes e contentes saboreávamos nosso manjar, quando um desses mendigos meio doidos se aproximou de nós com uma pasta amarela e um monte de folhas de sulfite na mão. Ele nos estendeu uma delas onde estava escrita aquela mensagem clássica do tipo, "Estou pedindo dinheiro". Mas esse mendigo não era comum. Primeiro, em sua mensagem ele se identificou por "Meu nome é Fulano de Tal, sou filho de Fulana e estou pedindo dinheiro." Ou seja era um doido com nome e sobrenome e que tinha mãe. Como haviamos saido sem bolsa, só com o dinheiro do sorvete, "ficamos devendo". O engraçado é que ele, alheio a nossas explicações, rabiscava com uma caneta Bic preta numa de suas folhas de sulfite. Terminado seu trabalho e pouco preocupado com o dinheiro, ele me estendeu a folha com um desenho. Não era um desenho de uma pessoa abobada. Era o desenho de um vaso com 4 flores Miró style. Fiquei olhando pra ele e agradeci pelo trabalho que sugeri que ele assinasse. Ele se recusou e disse que não precisava assinar não. Depois fiquei pensando se ele sabia escrever mesmo.

O que me pareceu curioso foi a criatividade de nosso amigo da pasta amarela, e a sua aparente satisfação de presentear as pessoas com seus desenhos. Ele, claro, estava sujo e fedia, mas suas folhas de sulfite estavam impecavelmente limpas e sem nenhum amassado. Seu semblante era tranquilo e após ter entregue seu trabalho, ele nos deixou e sumiu, simplesmente sumiu.

A gente vive lutando pra manter a sanidade, vai fazer terapia, yoga, meditação, ginástica, lê "O segredo". Mas a grande maioria das pessoas vive no limiar da loucura, basta ver as reações dos motoristas no transito, em uma fila que não anda ou numa briga de casal. Outro dia mesmo, eu estava no shopping numa fila, e de repente BUM! Um homem atirou seu celular no chão despedaçando o pobrezinho, e simplesmente saiu andando. Deve ter sido uma briga de casal porque uma mulher saiu atrás do tal homem. Mas ninguém ouviu nada, viu nada. Em outra ocasião parada no transito da marginal Tietê, vi um homem sair de seu carro e simplesmente acertar um soco na cara da motorista (sim era mulher) do carro de trás.

Eu não estou falando de pai que joga o filho pela janela, nada de extremo, estou falando de situações normais, de pessoas que trabalham com a gente, vivem com a gente, mas que num momento de fúria são capazes de agredir, ofender, arriscar a própria vida. Enquanto isso, nosso amigo doido, distribui suas flores de papel em troca de umas moedas ou simplesmente pelo prazer de dividir seu "trabalho".

Acho que está na hora de repensarmos nossos conceitos e preconceitos.

Tati