quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Tempo

Quanto tempo uma pessoa é capaz de perder na vida em culpa, medo, arrependimento?
Quanto tempo ela perde em inercia?
Em não perceber que a vida é essa, é finita e que, pra se fazer o que é certo, o que lhe faz bem, é agora ou nunca?
As vezes a vida toda... Aí já é tarde.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Um pouco do Amor em Bauman

Estou lendo atualmente Vida para Consumo de Zygmunt Bauman. Muito interessante o livro. Ele descreve como em nossa sociedade de consumo, o homem também virou mercadoria. Não vou entrar aqui em detalhes a respeito das idéias que cobrem áreas tão diversas quanto trabalho, relações humanas, mercado de consumo, e por aí vai.

O que me interessa aqui é a perspectiva que ele coloca do amor e da dificuldade que as pessoas tem em investir em relacionamentos na sociedade atual. As pessoas esperam obter em suas relações pessoais o mesmo tipo de satisfação obtida em suas relações de consumo e uma vez que o "objeto de consumo" torna-se imperfeito ou não plenamente satisfatório, este é rejeitado e substituido.

Segundo ele "A criação de um relacionamento bom e duradouro, em total oposição à busca de prazer por meio de objetos de consumo, exige um esforço enorme." E cita Ivan Klima, que compara o Amor a uma obra de arte,

é a criação de uma obra de arte... Isso também exige imaginação, concentração total, a combinação de todos os aspectos da personalidade humana, sacrifício pessoal por parte do artista e liberdade absoluta. Mas acima de tudo, tal como se dá com a criação artistica, o amor exige ação, ou seja, atividades e comportamentos não-rotineiros, assim como uma atenção constante à natureza intrinseca do parceiro, o esforço de compreender sua individualidade, além de respeito. E, por fim, ele precisa de tolerância, da consciênscia de que não deve impor suas perspectivas ou opiniões ao companheiro ou atrapalhar sua felicidade.

Faz a gente pensar, não?

Eu não acho que a gente deva ficar em uma relação em que é infeliz, mas que eu vejo muita gente desistindo logo na primeira dificuldade, isso vejo.

Agora, se você leu isto tudo, e tudo o que conseguiu pensar foi que, justamente seu parceiro não te enxerga, seu parceiro não quer ficar com você, seu parceiro não te respeita, não faz nada destas coisas bonitas nas palavras de Ivan Klima, é porque certamente VOCÊ, leva com este parceiro (ou parceira), uma relação utilitária.

Dê o primeiro passo, talvez você seja capaz de ser mais feliz também.

Tati Sister

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Eu achava que sabia

Eu achava que sabia tudo. Achava que sabia o que era preciso pra um relacionamento ser feliz. Descobri que não sei tudo, e isso não é ruim. We live we learn. We love we learn. Ja cantava Alanis Morriseti.

Eu achava que o amor era tudo, que bastava ele existir, mas o que aprendi é que não basta amar, é preciso saber amar. E isso implica em ser feliz com a felicidade do outro, implica em tolerancia, em cuidado com o ser amado. Se a felicidade do outro não traz felicidade, se não há cuidado com aquele nosso bem mais precioso, não acredito que seja amor.

É preciso dialogo também, e isso não quer dizer só pronunciar palavras, mas sim conseguir abrir os ouvidos, porque a gente se fecha em nossas posições, só escuta o que é capaz ou quer ouvir.

É importante saber calar na hora certa.

É preciso saber perdoar. Ao outro e a si mesmo.

É preciso saber que do outro lado tem um ser humano. Que também tem fraquezas, erra, mas também acerta e pode estar com a razão.

É preciso sonhar com um futuro juntos.

É preciso conseguir viver o presente com alegria.

É preciso admirar a pessoa amada.

É preciso manter a sedução acesa pra gente não virar parente.

E acima de tudo, é preciso amar a si mesmo. Quem não ama a si mesmo, coloca no outro o peso de amar por duas pessoas e culpa o outro por não ser capaz de fazê-lo feliz. E isso é desumano.

I'm human and I need to be loved. Just like everybody else does. (The Smiths)

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Troféu Abacaxi - Gambiarra na Pacha

Gente, definam tortura. Se você foi à Gambiarra na Pachá este final de semana, você sabe do que eu estou falando.

Tudo começou na entrada, uma hora para pegar uma comanda escrita a mão com seu nome e o valor da entrada. Mas até aí tudo bem, a gente vai encontrando os amigos na fila e ainda tá com energia e na expectativa de uma boa balada. Uma vez lá dentro, conseguir uma bebida era uma tarefa digna de Missão Impossível. Você tinha que rezar pra que o barman fosse com a sua cara e pra que, depois de pegar sua tão sofrida bebidinha, nenhum cliente desesperado não te derrubasse na ânsia de ocupar seu lugar junto ao balcão. A música estava razoável, mas nada de especial, a animação dependia do nível alcoolico do ocupante da pista de dança. Pessoas como eu que não enchem a cara por que dirigem, não pareciam assim animadas.

O ponto alto foi a saida. Me senti num abatedouro! Haviam apenas 4 (sim quatro) caixas disponíveis para pagamento com cartão, sem contar que a soma das comandas era feita a mão. Uma loucura, considerando que a Pachá é lugar pra milhares de pessoas. Eu entrei na fila para pagar minha comanda às 5h45 da manhã e saí de lá por volta das 7h e 30. Só não foi pior porque depois de quase 1h e meia de espera, peguei minha comanda, juntei meu dinheiro com o da minha amiga e paguei no caixa reservado para pagamento em espécie, peguei meu carro, fui até um caixa eletronico e voltei para resgatar a pobre que estava já quase desmaiada de cansaço e sede, já que fecharam os bares e as pessoas não tinham nem agua para beber. Havia ainda umas 100 pessoas na nossa frente quando voltei para buscar minha amiga.

O momento mais triste da noite nesta fila não foi só o desrespeito aos clientes, mas a violência de alguns seguranças que espancaram com uso de um cacetete um casal de rapazes por estarem se beijando. Gente, aquilo era uma festa Gambiarra, que normalmente atrai um grande público gay, não fez o menor sentido aquela violência. Mesmo que a balada fosse predominantemente hetero (o que não era aquela noite), nada justifica aquele tratamento. Fiquei chocada e entristecida. Quem estava na fila ficou sem reação e com medo de fazer qualquer coisa e apanhar também. Triste.

A Gambiarra é uma boa festa, mas infelizmente, não deve ser realizada em lugares como a Pachá, onde os públicos são tão diferentes, onde predomina uma visão de mundo careta, retrograda e que não condiz com a harmonia, a mente aberta e o espírito de diversão do pessoal que frequentava a festa nos tempos de Hotel Cambridge.

Espero que a organização da festa tome mais cuidado ao escolher o próximo local. Troféu Abacaxi pra Gambiarra na Pachá.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Da força humana

Estava aqui pensando. Quantas vezes a gente ouve alguém dizer que admira alguém pela sua força. Pelas suas realizações. Pelas suas conquistas. Cheguei até a comentar sobre isso no meu post de ano novo. Até que, de repente, olho ao meu redor e algumas pessoas muito próximas, e posso dizer bastante comuns, resolvem fazer coisas que certas pessoas julgariam um feito inatingível para elas.

A primeira foi minha mãe, que cinquentona, gordinha e sedentária resolveu que iria fazer o Caminho de Santiago de Compostela. Pra quem não conhece, sabe aquela peregrinação do Paulo Coelho no livro Diário de um Mago? Pois este mesmo. Eis que a minha mama resolveu ir. Ela nunca tinha viajado ao exterior, não fala nenhuma lingua estrangeira, nunca fez nada sem seu marido, mas disse que ia, e foi! Foram 2 meses de ausência da minha mama pequenina caminhando pelo norte da Espanha. Um monte de gente não acreditou, não apoiou, mas ela fez sua caminhada. Forte?

Outra é uma grande amiga, Luciana, que recentemente cruzou o Canal da Mancha. Um ano de treinos exaustivos, 20 quilos perdidos, uma tentativa fracassada, 12 horas de agua gelada. Tornou-se a sexta mulher brasileira na história a completar a travessia. Era uma aparente loucura, podia ter morrido de hipotermia, mas resolveu ir, e foi. Forte?

Essas duas mulheres, não são mais fortes que as outras pessoas. As duas voltaram com suas experiências, com a mudança trazida pela vivência que tiveram, mas em outros aspectos continuam as mesmas. Com suas inseguranças, seus medos, seus hábitos, sua rotina. Voltaram ao trabalho e a vida continua. Não, não estou dizendo que não fizeram nada de mais. Fizeram sim, e muito! Apesar de seus medos, elas nao se dobraram a eles, nem às opiniões contrarias, nem às aparentes adversidades. Elas simplesmente fizeram o que quiseram, quando quiseram, do jeito que quiseram.

Ser capaz de vencer os próprios medos e ter opinião própria é o que faz estas duas pessoas "fortes". Não é preciso caminhar 30 dias ou nadar 12 horas, o esforço delas demandou resistência física, mas demandou um esforço psicológico sem o qual não teriam cumprido seus objetivos.

Por isso, não se desaponte se você nunca tiver um feito que entre pra algum livro de recordes. Seu monte Everest, seu grande desafio pode ser simplesmente ser capaz de manter suas opiniões. Ter coragem de agir de acordo com seus princípios. Ou fazer algo que gosta. Se você for capaz de entrar sozinha na aula de dança de salão, apesar da vergonha. Parabéns! Se você for capaz de não abaixar a cabeça pra tudo o que diz o seu chefe se for algo com que você discorda. Parabéns! Se você tiver coragem de aos 45 anos finalmente ir fazer aquele curso de psicologia que você sempre quis, apesar de uma estável carreira como advogado. Parabéns!

Saiba, o esforço é tão grande quanto os treinos exaustivos da minha amiga Luciana. Mas você pode sim encher a boca e falar com orgulho. Eu fiz.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Conto de Fadas do Sec XXI

Essa minha irmã me mandou por email e eu não resisti. Muito engraçadinho...

Era uma vez uma linda moça que perguntou a um lindo rapaz:
- Você quer casar comigo?
Ele respondeu: - NÃO!
E a moça viveu feliz para sempre, foi viajar, fez compras, conheceu muitos outros rapazes, visitou muitos lugares, foi morar na praia, comprou outro carro, mobiliou sua casa, sempre estava sorrindo e de bom humor, nunca lhe faltava nada, bebia cerveja com as amigas sempre que estava com vontade e ninguém mandava nela.
O rapaz ficou barrigudo, careca, o pinto caiu, a bunda murchou, ficou sozinho e pobre, pois não se constrói nada sem uma MULHER.
FIM!!!

quarta-feira, 24 de junho de 2009

...

Tem dia que a gente acorda esburacado
Parece um queijo suiço
Falta um pedaço aqui
Tem um vazio ali

Queria uma azeitoninha
Um recheio
Que se encaixasse no vão

Mas a azeitona nem sempre quer
Ser recheio
Talvez ela tambem tenha um buraco
E prefira preenche-lo com um pedaço
De pimentão

Pro buraco da gente
Não tem recheio não

domingo, 14 de junho de 2009

Giramundo

Este final de semana foi curioso pra mim. Revisitei alguns lugares e pessoas que fizeram parte de minha vida ha mais ou menos uns 10 anos. O primeiro apartamento que aluguei quando sai da casa dos meus pais, algumas pessoas que conviviam comigo...Incrivel como passa o tempo. Incrivel e assustador.

Passei pelo meu antigo bairro e tudo mudou tanto. Minha cidade esta crescendo, surgiram novas casas, predios, restaurantes. Não tem mais aquela cara de bairro do interior, aquele sossego. Não cabe mais aquele entorno na minha rotina nem nos meus sonhos. E minhas velhas amigas? Casais separados, novos endereços, novos telefones, novos empregos... E foi justamente conversando com uma destas amigas num daqueles papos de "E ai, o que que voce tem feito?" que eu notei o quanto eu mudei neste tempo. Nova carreira, novo amor, novos amigos, nova aparencia. Parece que nao sobrou nada daquela Tati que estava la 10 anos atrás.

Me dei conta de que aquela estoria de que a gente vive muitas vidas em uma mesma vida é muito verdadeira. Se você me dissesse 10 anos atrás que hoje essa seria eu, eu ficaria contente em saber que ia conseguir concretizar alguns de meus planos e provavelmente duvidaria de uma boa parte de tudo isso, afinal, eu tinha tudo tão planejado.

Sim o mundo gira e o que tinha importancia ontem não tem hoje, o que não tinha importancia ontem, hoje tem. A gente aprende que nada é para sempre, e isso não é necessariamente ruim. Simplesmente é assim. Nem tudo vai dar certo, ou sair como planejado, mas tambem é pra isso que servem os sonhos. A gente olha para trás, ve que mudou, cresceu e, se tudo tiver dado certo, amadureceu. A gente chega a achar que gosta das mesmas coisas, mas não gosta não. E outras coisas que estavam muito esquecidas, voltam repaginadas.

A gente se esconde em memorias de outros tempos as vezes, e isso é ruim. Mas as vezes lembra deles com carinho e segue. Por que é assim que tem que ser.

"Roda mundo, roda gigante, roda moinho, roda peão..."

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Sintonia



Definição de Sintonia
s.f. Estado de dois sistemas suscetíveis de emitir e receber oscilações radioelétricas da mesma freqüência. / Qualidade de seleção dos receptores nos quais as emissões de freqüências diferentes da que corresponde à regulação do ressoador produzem um efeito mínimo. / Fig. Concomitância; reciprocidade, acordo mútuo.

http://www.opticalhost.com.br/dicionario/S/sintonia.html

terça-feira, 31 de março de 2009

Soledad

Soledad,
Aqui están mis credenciales,
Vengo llamando a tu puerta
Desde hace un tiempo,
Creo que pasaremos juntos temporales,
Propongo que tú y yo nos vayamos conociendo.

Aquí estoy,
Te traigo mis cicatrices,
Palabras sobre papel pentagramado,
No te fijes mucho en lo que dicen,
Me encontrarás
En cada cosa que he callado.

Ya pasó,
Ya he dejado que se empañe
La ilusión de que vivir es indoloro.
Que raro que seas tú
Quien me acompañe, soledad,
A mi que nunca supe bien
Cómo estar solo.

(Jorge Drexler)

Puro masoquismo na minha vida atualmente, mas e linda!
http://www.youtube.com/watch?v=5fWPbdMG0dY

segunda-feira, 30 de março de 2009

Milagrosa

Eu quero uma receita milagrosa
Uma pilula da felicidade
Cansei da beleza
existente na tristeza
Cansei do corpo moido
Dos olhos inchados
De processos
Ciclos
Aprendizagens

Quero me esvaziar
Ser como aquela folha na arvore
Chacoalhando harmoniosamente
Sem resistir ao vento
Sem dar de encontro

Talvez uma simpatia resolva
Um banho de mar
Uma oferenda a Iemanja
So não quero mais esperar
Ja perdi vida demais
Justo ela que e tão curta
Tão ligeira

Porque esse alguem que diz me amar
Nao me ama?
Doutor
Padre
Garçon
Alguem!

Me ensina a amar a vida de novo
A aproveitar a brisa
A observar as flores

Porque não voce, amor?
Porque?


Tati Sister

sábado, 14 de março de 2009

O Sol

Há metafísica bastante em não pensar em nada. (s.d.)

V

Há metafísica bastante em não pensar em nada.
O que penso eu do Mundo?
Sei lá o que penso do Mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.
Que ideia tenho eu das coisas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do Mundo?
Não sei.
Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar.
É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas).
O mistério das coisas?
Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o Sol
E a pensar muitas coisas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o Sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do Sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do Sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa. (...)

trecho de
De PESSOA, Fernando. "Ficções do interlúdio: Poemas completos de A. Caeiro"

sexta-feira, 13 de março de 2009

Minha Begonia

Artigo XII

Decreta-se que nada será obrigado
nem proibido,
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.

Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.
Artigo Final
Fica proibido o uso da palavra liberdade,
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.
Thiago de Mello
ESTATUTO DO HOMEM (Ato Institucional Permanente)

quinta-feira, 12 de março de 2009

Verde Folha

Me lembro bem
de uma tarde de primavera
Naquela tarde
um par de olhos verdes
me fitaram interessados
Interessados me seguiram
me intimidaram
me seduziram
e me apresentaram
um par de labios
uma pele macia
um perfume novo
um amor novo
e fresco

Ja e quase outono
e este par de olhos
que se perderam de si mesmos
parecem nao mais me ver
Eles se distanciam
Querem partir

Queria nunca perde-los
Mas sinto
Nao mais os tenho
E meus proprios olhos
Perdem assim
Sua propria cor

quarta-feira, 11 de março de 2009

Elástica


E qual seria então a suprema forma da liberdade se
mal nos permitimos pensar livremente?

É sair por aí, pela estrada, vivendo aventuras?
É não se apegar a ninguém?
É encher a cara e curtir a noite na balada?
É ir vender água de coco em alguma praia do nordeste?
São só disfarces.
A suprema liberdade, pra mim, seria o SER, que não se dobra ao medo e suas chantagens.

Toda chantagem é criminosa.

terça-feira, 10 de março de 2009

Gota de Clarice


"Um dia eu disse infantilmente: eu posso tudo. Era a antevisão de poder um dia me largar e cair num abandono de qualquer lei. Elástica."


Clarice Lispector em Água Viva

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Da Ditadura do Querer

"Você sabe o que quer? Como assim? Não sabe? Como você acha que vai chegar a algum lugar? Você tem que decidir o que quer!"
Desde cedo a gente aprende que a gente tem que ter objetivo na vida,"O que você vai ser quando crescer?" as mães perguntam pros filhos de 5 anos. Ai a gente começa a crescer um tiquinho e aprende que as pessoas mais bem sucedidas são as que sabem o que querem. Colocam toda a sua energia naquilo e realizam. São vencedores.
Faz algum sentido, mas não faz todo.
Não quero dizer que as pessoas devam viver ao sabor da maré, mas que elas não tem que ser escravas dos "quereres", dos objetivos, das certezas. Aliás a maioria das vezes não é a gente que quer alguma coisa, são as outras pessoas que decidem o que a gente quer. Sei não. Quantas pessoas frustradas não ficam no caminho? Tantos as que não realizam quanto as que atingem seus objetivos, realizam seus desejos.
Meu pai outro dia me disse "a posse é a morte do desejo". Sim, você deseja algo, com toda a sua força, a partir do momento que consegue o que quer, o desejo morre. Aí você fica sem objetivo e tem que ir em busca de um outro querer. É uma eterna corrida.
Certezas? Quem consegue ter alguma? Quem consegue ter uma vida linear, em que seus interesses são sempre os mesmos? Não mudam nunca? Que tédio.
Eu não quero TER que querer nada, só quero estar com quem gosto, onde gosto, fazendo o que gosto.
Utópico?

Tati

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

ESTO QUE VES

Esto que ves soy yo,
ni más, ni menos.
Un pedazo de SER...
un trozo de humanidad...
un puñado de risas...
un montón de sueños.
Una cuota de locura...
un pedazo de dulzura
con toda mi sinceridad.
Esto que ves, soy yo,
ni más, ni menos.
Una mujer, a veces una niña,
a veces espacio...
a veces infinito...
a veces pasión...
a veces libertad.
Pero así, simplemente así...
así soy yo.
Es todo lo que tengo,
todo lo que soy...
No es mucho... pero es todo.

Teresa Aburto Uribe

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Cansa

Tem coisas na vida que cansam.
Trabalhar das 8 às 6 cansa.
Cansa contar calorias.
Fazer ginastica 3 vezes por semana
Cansa.
Pagar as contas em dia
Cansa.
Ser super cool cansa.
Cansa ver filmes de arte.
Cansam os papos sempre interessantes.
Por favor, me dê um besteirol.
Nossa pretensa superioridade cansa.
Criticar os outros cansa.
E cansa demais.
Preocupar-se com o futuro cansa.
Mas o pior é a falta de amor.
Falta de amor cansa demais.
Deus me livre da falta de amor.
Pelos outros.
Por mim.
E de mim pelos outros.
Amar não cansa.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Da Sanidade

Ontem aconteceu uma situação engraçada e que me fez pensar sobre essa coisa toda da loucura. Tive uma briga daquelas com meu love, gritaria, ofensas, coisas jogadas, portas batidas e muito choro. Um momento de total falta de controle, falta de racionalidade. Mas do mesmo jeito que nos descabelamos, acabamos em beijos e prometendo que tudo ia ser diferente dali pra frente e nada daquilo ia acontecer de novo. Pelo menos até a proxima briga. Mas enfim, após esses momentos pós estresse, nada como um pouco da serotonina fornecida por uma dose cavalar de açúcar. Um Top Sundae do Mc Donald's que foi premiado com uma dose extra de calda de caramelo, porque afinal não era aquele o sabor que eu tinha pedido, foi a vítima. Domingão quente, não tinhamos onde sentar e acabamos sentando numa muretinha do lado de fora do restaurante.

Felizes e contentes saboreávamos nosso manjar, quando um desses mendigos meio doidos se aproximou de nós com uma pasta amarela e um monte de folhas de sulfite na mão. Ele nos estendeu uma delas onde estava escrita aquela mensagem clássica do tipo, "Estou pedindo dinheiro". Mas esse mendigo não era comum. Primeiro, em sua mensagem ele se identificou por "Meu nome é Fulano de Tal, sou filho de Fulana e estou pedindo dinheiro." Ou seja era um doido com nome e sobrenome e que tinha mãe. Como haviamos saido sem bolsa, só com o dinheiro do sorvete, "ficamos devendo". O engraçado é que ele, alheio a nossas explicações, rabiscava com uma caneta Bic preta numa de suas folhas de sulfite. Terminado seu trabalho e pouco preocupado com o dinheiro, ele me estendeu a folha com um desenho. Não era um desenho de uma pessoa abobada. Era o desenho de um vaso com 4 flores Miró style. Fiquei olhando pra ele e agradeci pelo trabalho que sugeri que ele assinasse. Ele se recusou e disse que não precisava assinar não. Depois fiquei pensando se ele sabia escrever mesmo.

O que me pareceu curioso foi a criatividade de nosso amigo da pasta amarela, e a sua aparente satisfação de presentear as pessoas com seus desenhos. Ele, claro, estava sujo e fedia, mas suas folhas de sulfite estavam impecavelmente limpas e sem nenhum amassado. Seu semblante era tranquilo e após ter entregue seu trabalho, ele nos deixou e sumiu, simplesmente sumiu.

A gente vive lutando pra manter a sanidade, vai fazer terapia, yoga, meditação, ginástica, lê "O segredo". Mas a grande maioria das pessoas vive no limiar da loucura, basta ver as reações dos motoristas no transito, em uma fila que não anda ou numa briga de casal. Outro dia mesmo, eu estava no shopping numa fila, e de repente BUM! Um homem atirou seu celular no chão despedaçando o pobrezinho, e simplesmente saiu andando. Deve ter sido uma briga de casal porque uma mulher saiu atrás do tal homem. Mas ninguém ouviu nada, viu nada. Em outra ocasião parada no transito da marginal Tietê, vi um homem sair de seu carro e simplesmente acertar um soco na cara da motorista (sim era mulher) do carro de trás.

Eu não estou falando de pai que joga o filho pela janela, nada de extremo, estou falando de situações normais, de pessoas que trabalham com a gente, vivem com a gente, mas que num momento de fúria são capazes de agredir, ofender, arriscar a própria vida. Enquanto isso, nosso amigo doido, distribui suas flores de papel em troca de umas moedas ou simplesmente pelo prazer de dividir seu "trabalho".

Acho que está na hora de repensarmos nossos conceitos e preconceitos.

Tati

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

O Ano é Novo de Novo

E o ano é novo de novo.

Me assustei nas ultimas semanas ao me dar conta que, sim, 2008 estava no fim. 2008 que começou cheio de esperança, foi um ano de novos caminhos, decepções, um fim dificil, mas acabou cheio de determinação e renovação das esperanças. Como sempre.

Esperança é um sentimento engraçado. Até irracional eu acho. Mas sem o qual a gente não consegue viver. O homem vive na esperança do recomeço, na esperança de que tudo agora vai dar certo, que o sofrimento acabou. A gente sabe que não acaba, mas a gente tem esperança. Interiormente sabemos que o verão não dura pra sempre, da mesma forma que não dura o inverno, mas ainda assim esperamos vir a ser como aqueles passaros que migram para o sul no inverno do hemisfério norte, ou dormir na época de privações como os ursos. Seria bom podermos migrar do tempo de sofrimento para a felicidade sem fim? Parece uma ideia atraente, mas eu duvido que o ser humano conseguisse viver assim. Gente é um bicho estranho, vê beleza na dor. É um prazer masoquista, recompensado pelo alivio do fim do sofrimento. Pelo menos por um tempo.

Tudo o que eu sei é que parar de sofrer é uma decisão das mais dificeis na vida de uma pessoa. A pessoa está gorda e deprimida, com baixa auto-estima, pressão alta, mas não faz dieta. A mulher apanha do marido, mas não larga o desgraçado por medo da solidão. O emprego tá uma droga, você se sente pisado e diminuido pelo chefe, ou pelos colegas, ou não tem satisfação no que faz, mas não procura alternativas porque o mercado tá dificil, os salarios são baixos... É uma tal inércia, mas vem o ano novo e você renova a esperança de mudar isso e segue vivendo. Uma minoria das pessoas consegue fazer o que se propôs, e são admiradas pela sua "força". Já a maioria vai deixando pra amanhã, até que o final do ano se aproxime e quando ela estiver perdendo a energia, vai pular sete ondas e se recarregar de novo.

Eu também tenho esperanças pra esse ano. Espero passar para o time dor "fortes", fazer com que a vida volte a ter um ciclo de altos e baixos no mínimo iguais, não só, ou predominantemente, baixos. Eu espero voltar a viver em harmonia comigo mesma, e com as pessoas que eu amo. Eu espero não mais me entregar à chantagem do medo. Do medo da velhice, do medo da solidão, do medo da falta de amor. Eu espero perder a barriga, também!

Seja lá o que for a coisa que você tiver se prometido, não deixe pro próximo ano. O tempo está passando rápido demais pra gente deixar que o inverno prevaleça.

Este texto é de mim para mim mesma.

Tati

P.S. só pra explicar, as aspas nas palavras força e forte, são porque eu não acho que sejam tal coisa, pra mim a tal de força neste caso chama-se vontade.