quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Da força humana

Estava aqui pensando. Quantas vezes a gente ouve alguém dizer que admira alguém pela sua força. Pelas suas realizações. Pelas suas conquistas. Cheguei até a comentar sobre isso no meu post de ano novo. Até que, de repente, olho ao meu redor e algumas pessoas muito próximas, e posso dizer bastante comuns, resolvem fazer coisas que certas pessoas julgariam um feito inatingível para elas.

A primeira foi minha mãe, que cinquentona, gordinha e sedentária resolveu que iria fazer o Caminho de Santiago de Compostela. Pra quem não conhece, sabe aquela peregrinação do Paulo Coelho no livro Diário de um Mago? Pois este mesmo. Eis que a minha mama resolveu ir. Ela nunca tinha viajado ao exterior, não fala nenhuma lingua estrangeira, nunca fez nada sem seu marido, mas disse que ia, e foi! Foram 2 meses de ausência da minha mama pequenina caminhando pelo norte da Espanha. Um monte de gente não acreditou, não apoiou, mas ela fez sua caminhada. Forte?

Outra é uma grande amiga, Luciana, que recentemente cruzou o Canal da Mancha. Um ano de treinos exaustivos, 20 quilos perdidos, uma tentativa fracassada, 12 horas de agua gelada. Tornou-se a sexta mulher brasileira na história a completar a travessia. Era uma aparente loucura, podia ter morrido de hipotermia, mas resolveu ir, e foi. Forte?

Essas duas mulheres, não são mais fortes que as outras pessoas. As duas voltaram com suas experiências, com a mudança trazida pela vivência que tiveram, mas em outros aspectos continuam as mesmas. Com suas inseguranças, seus medos, seus hábitos, sua rotina. Voltaram ao trabalho e a vida continua. Não, não estou dizendo que não fizeram nada de mais. Fizeram sim, e muito! Apesar de seus medos, elas nao se dobraram a eles, nem às opiniões contrarias, nem às aparentes adversidades. Elas simplesmente fizeram o que quiseram, quando quiseram, do jeito que quiseram.

Ser capaz de vencer os próprios medos e ter opinião própria é o que faz estas duas pessoas "fortes". Não é preciso caminhar 30 dias ou nadar 12 horas, o esforço delas demandou resistência física, mas demandou um esforço psicológico sem o qual não teriam cumprido seus objetivos.

Por isso, não se desaponte se você nunca tiver um feito que entre pra algum livro de recordes. Seu monte Everest, seu grande desafio pode ser simplesmente ser capaz de manter suas opiniões. Ter coragem de agir de acordo com seus princípios. Ou fazer algo que gosta. Se você for capaz de entrar sozinha na aula de dança de salão, apesar da vergonha. Parabéns! Se você for capaz de não abaixar a cabeça pra tudo o que diz o seu chefe se for algo com que você discorda. Parabéns! Se você tiver coragem de aos 45 anos finalmente ir fazer aquele curso de psicologia que você sempre quis, apesar de uma estável carreira como advogado. Parabéns!

Saiba, o esforço é tão grande quanto os treinos exaustivos da minha amiga Luciana. Mas você pode sim encher a boca e falar com orgulho. Eu fiz.

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