Tem dia que a gente acorda esburacado
Parece um queijo suiço
Falta um pedaço aqui
Tem um vazio ali
Queria uma azeitoninha
Um recheio
Que se encaixasse no vão
Mas a azeitona nem sempre quer
Ser recheio
Talvez ela tambem tenha um buraco
E prefira preenche-lo com um pedaço
De pimentão
Pro buraco da gente
Não tem recheio não
quarta-feira, 24 de junho de 2009
domingo, 14 de junho de 2009
Giramundo
Este final de semana foi curioso pra mim. Revisitei alguns lugares e pessoas que fizeram parte de minha vida ha mais ou menos uns 10 anos. O primeiro apartamento que aluguei quando sai da casa dos meus pais, algumas pessoas que conviviam comigo...Incrivel como passa o tempo. Incrivel e assustador.
Passei pelo meu antigo bairro e tudo mudou tanto. Minha cidade esta crescendo, surgiram novas casas, predios, restaurantes. Não tem mais aquela cara de bairro do interior, aquele sossego. Não cabe mais aquele entorno na minha rotina nem nos meus sonhos. E minhas velhas amigas? Casais separados, novos endereços, novos telefones, novos empregos... E foi justamente conversando com uma destas amigas num daqueles papos de "E ai, o que que voce tem feito?" que eu notei o quanto eu mudei neste tempo. Nova carreira, novo amor, novos amigos, nova aparencia. Parece que nao sobrou nada daquela Tati que estava la 10 anos atrás.
Me dei conta de que aquela estoria de que a gente vive muitas vidas em uma mesma vida é muito verdadeira. Se você me dissesse 10 anos atrás que hoje essa seria eu, eu ficaria contente em saber que ia conseguir concretizar alguns de meus planos e provavelmente duvidaria de uma boa parte de tudo isso, afinal, eu tinha tudo tão planejado.
Sim o mundo gira e o que tinha importancia ontem não tem hoje, o que não tinha importancia ontem, hoje tem. A gente aprende que nada é para sempre, e isso não é necessariamente ruim. Simplesmente é assim. Nem tudo vai dar certo, ou sair como planejado, mas tambem é pra isso que servem os sonhos. A gente olha para trás, ve que mudou, cresceu e, se tudo tiver dado certo, amadureceu. A gente chega a achar que gosta das mesmas coisas, mas não gosta não. E outras coisas que estavam muito esquecidas, voltam repaginadas.
A gente se esconde em memorias de outros tempos as vezes, e isso é ruim. Mas as vezes lembra deles com carinho e segue. Por que é assim que tem que ser.
"Roda mundo, roda gigante, roda moinho, roda peão..."
Passei pelo meu antigo bairro e tudo mudou tanto. Minha cidade esta crescendo, surgiram novas casas, predios, restaurantes. Não tem mais aquela cara de bairro do interior, aquele sossego. Não cabe mais aquele entorno na minha rotina nem nos meus sonhos. E minhas velhas amigas? Casais separados, novos endereços, novos telefones, novos empregos... E foi justamente conversando com uma destas amigas num daqueles papos de "E ai, o que que voce tem feito?" que eu notei o quanto eu mudei neste tempo. Nova carreira, novo amor, novos amigos, nova aparencia. Parece que nao sobrou nada daquela Tati que estava la 10 anos atrás.
Me dei conta de que aquela estoria de que a gente vive muitas vidas em uma mesma vida é muito verdadeira. Se você me dissesse 10 anos atrás que hoje essa seria eu, eu ficaria contente em saber que ia conseguir concretizar alguns de meus planos e provavelmente duvidaria de uma boa parte de tudo isso, afinal, eu tinha tudo tão planejado.
Sim o mundo gira e o que tinha importancia ontem não tem hoje, o que não tinha importancia ontem, hoje tem. A gente aprende que nada é para sempre, e isso não é necessariamente ruim. Simplesmente é assim. Nem tudo vai dar certo, ou sair como planejado, mas tambem é pra isso que servem os sonhos. A gente olha para trás, ve que mudou, cresceu e, se tudo tiver dado certo, amadureceu. A gente chega a achar que gosta das mesmas coisas, mas não gosta não. E outras coisas que estavam muito esquecidas, voltam repaginadas.
A gente se esconde em memorias de outros tempos as vezes, e isso é ruim. Mas as vezes lembra deles com carinho e segue. Por que é assim que tem que ser.
"Roda mundo, roda gigante, roda moinho, roda peão..."
quinta-feira, 30 de abril de 2009
Sintonia
Definição de Sintonia
s.f. Estado de dois sistemas suscetíveis de emitir e receber oscilações radioelétricas da mesma freqüência. / Qualidade de seleção dos receptores nos quais as emissões de freqüências diferentes da que corresponde à regulação do ressoador produzem um efeito mínimo. / Fig. Concomitância; reciprocidade, acordo mútuo.
http://www.opticalhost.com.br/dicionario/S/sintonia.html
terça-feira, 31 de março de 2009
Soledad
Soledad,
Aqui están mis credenciales,
Vengo llamando a tu puerta
Desde hace un tiempo,
Creo que pasaremos juntos temporales,
Propongo que tú y yo nos vayamos conociendo.
Aquí estoy,
Te traigo mis cicatrices,
Palabras sobre papel pentagramado,
No te fijes mucho en lo que dicen,
Me encontrarás
En cada cosa que he callado.
Ya pasó,
Ya he dejado que se empañe
La ilusión de que vivir es indoloro.
Que raro que seas tú
Quien me acompañe, soledad,
A mi que nunca supe bien
Cómo estar solo.
(Jorge Drexler)
Puro masoquismo na minha vida atualmente, mas e linda!
http://www.youtube.com/watch?v=5fWPbdMG0dY
Aqui están mis credenciales,
Vengo llamando a tu puerta
Desde hace un tiempo,
Creo que pasaremos juntos temporales,
Propongo que tú y yo nos vayamos conociendo.
Aquí estoy,
Te traigo mis cicatrices,
Palabras sobre papel pentagramado,
No te fijes mucho en lo que dicen,
Me encontrarás
En cada cosa que he callado.
Ya pasó,
Ya he dejado que se empañe
La ilusión de que vivir es indoloro.
Que raro que seas tú
Quien me acompañe, soledad,
A mi que nunca supe bien
Cómo estar solo.
(Jorge Drexler)
Puro masoquismo na minha vida atualmente, mas e linda!
http://www.youtube.com/watch?v=5fWPbdMG0dY
segunda-feira, 30 de março de 2009
Milagrosa
Eu quero uma receita milagrosa
Uma pilula da felicidade
Cansei da beleza
existente na tristeza
Cansei do corpo moido
Dos olhos inchados
De processos
Ciclos
Aprendizagens
Quero me esvaziar
Ser como aquela folha na arvore
Chacoalhando harmoniosamente
Sem resistir ao vento
Sem dar de encontro
Talvez uma simpatia resolva
Um banho de mar
Uma oferenda a Iemanja
So não quero mais esperar
Ja perdi vida demais
Justo ela que e tão curta
Tão ligeira
Porque esse alguem que diz me amar
Nao me ama?
Doutor
Padre
Garçon
Alguem!
Me ensina a amar a vida de novo
A aproveitar a brisa
A observar as flores
Porque não voce, amor?
Porque?
Tati Sister
Uma pilula da felicidade
Cansei da beleza
existente na tristeza
Cansei do corpo moido
Dos olhos inchados
De processos
Ciclos
Aprendizagens
Quero me esvaziar
Ser como aquela folha na arvore
Chacoalhando harmoniosamente
Sem resistir ao vento
Sem dar de encontro
Talvez uma simpatia resolva
Um banho de mar
Uma oferenda a Iemanja
So não quero mais esperar
Ja perdi vida demais
Justo ela que e tão curta
Tão ligeira
Porque esse alguem que diz me amar
Nao me ama?
Doutor
Padre
Garçon
Alguem!
Me ensina a amar a vida de novo
A aproveitar a brisa
A observar as flores
Porque não voce, amor?
Porque?
Tati Sister
sábado, 14 de março de 2009
O Sol
Há metafísica bastante em não pensar em nada. (s.d.)
V
Há metafísica bastante em não pensar em nada.
O que penso eu do Mundo?
Sei lá o que penso do Mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.
Que ideia tenho eu das coisas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do Mundo?
Não sei.
Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar.
É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas).
O mistério das coisas?
Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o Sol
E a pensar muitas coisas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o Sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do Sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do Sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa. (...)
trecho de
De PESSOA, Fernando. "Ficções do interlúdio: Poemas completos de A. Caeiro"
V
Há metafísica bastante em não pensar em nada.
O que penso eu do Mundo?
Sei lá o que penso do Mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.
Que ideia tenho eu das coisas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do Mundo?
Não sei.
Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar.
É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas).
O mistério das coisas?
Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o Sol
E a pensar muitas coisas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o Sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do Sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do Sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa. (...)
trecho de
De PESSOA, Fernando. "Ficções do interlúdio: Poemas completos de A. Caeiro"
sexta-feira, 13 de março de 2009
Minha Begonia
Artigo XII
Decreta-se que nada será obrigado
nem proibido,
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.
Decreta-se que nada será obrigado
nem proibido,
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.
Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.
Artigo Final
Fica proibido o uso da palavra liberdade,
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.
Thiago de Mello
ESTATUTO DO HOMEM (Ato Institucional Permanente)
texto completo em http://www.blocosonline.com.br/literatura/poesia/p01/p011101.htm
quinta-feira, 12 de março de 2009
Verde Folha
Me lembro bem
de uma tarde de primavera
Naquela tarde
um par de olhos verdes
me fitaram interessados
Interessados me seguiram
me intimidaram
me seduziram
e me apresentaram
um par de labios
uma pele macia
um perfume novo
um amor novo
e fresco
Ja e quase outono
e este par de olhos
que se perderam de si mesmos
parecem nao mais me ver
Eles se distanciam
Querem partir
Queria nunca perde-los
Mas sinto
Nao mais os tenho
E meus proprios olhos
Perdem assim
Sua propria cor
de uma tarde de primavera
Naquela tarde
um par de olhos verdes
me fitaram interessados
Interessados me seguiram
me intimidaram
me seduziram
e me apresentaram
um par de labios
uma pele macia
um perfume novo
um amor novo
e fresco
Ja e quase outono
e este par de olhos
que se perderam de si mesmos
parecem nao mais me ver
Eles se distanciam
Querem partir
Queria nunca perde-los
Mas sinto
Nao mais os tenho
E meus proprios olhos
Perdem assim
Sua propria cor
quarta-feira, 11 de março de 2009
Elástica
E qual seria então a suprema forma da liberdade se
mal nos permitimos pensar livremente?
É sair por aí, pela estrada, vivendo aventuras?
É não se apegar a ninguém?
É encher a cara e curtir a noite na balada?
É ir vender água de coco em alguma praia do nordeste?
São só disfarces.
A suprema liberdade, pra mim, seria o SER, que não se dobra ao medo e suas chantagens.
mal nos permitimos pensar livremente?
É sair por aí, pela estrada, vivendo aventuras?
É não se apegar a ninguém?
É encher a cara e curtir a noite na balada?
É ir vender água de coco em alguma praia do nordeste?
São só disfarces.
A suprema liberdade, pra mim, seria o SER, que não se dobra ao medo e suas chantagens.
Toda chantagem é criminosa.
terça-feira, 10 de março de 2009
Gota de Clarice
"Um dia eu disse infantilmente: eu posso tudo. Era a antevisão de poder um dia me largar e cair num abandono de qualquer lei. Elástica."
Clarice Lispector em Água Viva
Assinar:
Postagens (Atom)