Estava aqui pensando nas mentiras que as pessoas contam. É incrível, mente-se para tudo. As pessoas mentem em seus currículos. Mentem para seduzir alguém. Mentem que estão felizes quando estão tristes. Filhos mentem para os pais em busca de liberdade. Pais mentem para manter o controle. Políticos mentem. A história que nos é contada mente. Contamos mentiras que tem como único objetivo preservar os sentimentos de alguém, como dizer para a avó da gente que amou ganhar um pano de prato de presente, ou para a sogra (antes de casar, é claro) que não pode comer berinjela por causa de uma alergia. Mas principalmente mente-se para si mesmo. E com força, como dizem.
Acho curiosas aquelas pessoas que acreditam nas mentiras que contam. Uma vez, assistindo a um seriado de TV, vi um episódio em que um personagem, um cara, ensinava o amigo a mentir para dar o fora na namorada e dizia, “Não se esqueça, não é mentira se você realmente acredita!” Uma tremenda verdade do ponto de vista do mentiroso e provavelmente, da pessoa que acredita nele. A pessoa vive aquela ‘verdade’ e sofre ou é feliz com ela. Aí fica a pergunta, “O que é verdade?”.
A filosofia neste século tem discutido a noção de certo e errado e a noção de verdade. Resumindo grosseiramente o pensamento de alguns autores, o que é certo ou errado, a noção de verdade, dependem do olhar do observador. Até a verdade científica começou a ser discutida, porque um mesmo experimento feito em diferentes condições dá resultados diferentes.
Tenho uma amiga com quem debato muito, e raramente chegamos a um consenso porque temos olhares muito diferentes e particulares acerca das coisas. Nossas verdades são diferentes. Nessa questão da sinceridade, por exemplo, falando sobre relações humanas, ela acha que o certo é a sinceridade, a verdade nua e crua. Doa se tiver que doer.
Eu concordo com ela, até o ponto em que a gente não fira o direito do outro ao sonho. As pessoas precisam sonhar um pouco e imaginar que terão, ou serão algo ou alguém para que não enlouqueçam com a realidade dura da vida. Não estou dizendo que a mentira é positiva, mas um pouco de fantasia o é. Prova disso são as crianças da ONG onde sou voluntária. Crianças de uma comunidade carente que vivem a realidade da violência e chegam até nós com estas marcas, são agressivas umas com as outras e fechadas em si muitas vezes. Mas você vê o comportamento delas mudar quando é oferecido a elas um pouco de ilusão, um sonho. Seja nas estórias contadas, na possibilidade de uma vida melhor com as coisas que aprendem ou na simples chance de fugir um pouco daquilo tudo e deixar a mente descansar antes de voltar para o real. O menino de rua pode nunca virar um Ronaldinho, mas pode sair da rua com a bola, dizer para ele que a verdade é que ele não tem chance é crueldade.
Tirando-se os casos extremos, fica uma linha difícil de se traçar entre a mentira que gera o sonho e melhora a vida, e a mentira que cega, engana e é usada para fugir de quem se é ou manipular pessoas.
Cazuza cantou que “mentiras sinceras me interessam”, Osho dizia que nem toda a verdade é sabia e nem toda mentira é tola. Está aberto o debate, qual verdade, ou mentira, te interessa?
Um comentário:
Prefiro a verdade, teacher linda!!!
E, por isso, lá vai: "Vê se não pára com esse "trem mai loco de bão, sô"!!!
Bata asas... vôe alto...
Tem uma fã, aqui, pra ficar te admirando!!!
Beijos no seu coração!!!
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