quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Dia 1

OK, dia 1. Vamos começar com um pouco de poesia. A primeira é minha, a segunda de uma pessoa chamada Yehuda Amichai, que foi publicada na Piauí e eu achei linda, linda! Coragem minha colocar um poeminha meu ao lado deste outro traduzido pelo Millôr Fernandes. Mas tudo bem, eu também sou filha de Deus.

INATINGÍVEL

Descansa amor
Descansa seu corpo sobre o solo
Descansa o corpo
Que sendo sempre meu
Nunca me pertencerá

Descansa amor
Me promete o amor
Que mesmo tendo
Nunca me alimentará

Descansa amor
Me ofereça um mundo
Que nunca existiu
E nunca existirá

Descansa amor
Me tome em seus braços
E nunca me permita
Descansar

(Tati Sister)

EU, QUE EU POSSA DESCANSAR EM PAZ

Eu, que eu possa descansar em paz – Eu, que ainda estou vivo, digo,
Que eu possa ter paz no que tenho de vida.
Eu quero paz agra mesmo, enquanto ainda estou vivo.
Não quero esperar como aquele piedoso que almeja uma perna
Do trono de ouro do Paraíso, quero uma cadeira de quatro
Pernas aqui mesmo, uma cadeira simples de madeira. Quero
O resto da minha paz agora.
Vivi minha vida em guerras de toda espécie: batalhas dentro e fora,
Combate cara a cara, a cara sempre a minha mesmo, minha cara
De amante, minha cara de inimigo.
Guerras com velhas armas, paus e pedras, machado enferrujado,
Palavras, rasgão de aça cega, amor e ódio,
E guerra com armas de ultimo forno metralha, míssil, palavras,
Minas terrestres explodindo amor e ódio.
Não quero cumprir a profecia de meus pais de que vida é guerra.
Eu quero paz com todo o meu corpo e em toda minha alma.
Descansem-me em paz.

(Yehuda Amichai – Trad. Millôr Fernandes)

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